Analisando a realidade em que me
encontrei por duas oportunidades, me fez expor meu próprio planejamento para
ascensão na carreira militar. O plano de carreira na Brigada Militar do Rio
Grande do Sul nunca foi voltado aos servidores militares e nunca vislumbrou a
realidade em que se encontra a profissão de Policial Militar no Estado. Tenho
19 anos de serviço público e iniciei a carreira como soldado, na primeira
oportunidade depois de dois anos, prestei concurso interno e freqüentei um
curso de formação para graduação de cabo. Dentro de uma má organização da
corporação sendo feitos remendos na carreira fui depois de nove anos, promovido
a terceiro sargento. Segundo uma lei elaborada para plano de carreira a
promoção a segundo sargento depende da conclusão de um Curso Técnico de
Segurança Pública (CTSP), no qual são chamados para participar os terceiros
sargentos mais antigos no cargo, por antiguidade e por duas vezes fui chamado
para participar do CTSP e para prever o que poderia acontecer efetuei uma
planilha de custos para este curso, do qual não foi nem um pouco favorável a
mim. Vou iniciar pela situação que me encontrava no momento da convocação para
o curso. Hoje o Quadro Organizacional da Brigada Militar por falta de
planejamento é totalmente desprovido dos recursos humanos previstos, a maioria
dos terceiro sargentos estão em situação de acumulo de função e com isto
recebendo proventos com adicionais de graduação superior. Outra situação são as
vantagens que os servidores perdem durante a duração do CTSP onde é vedado
legalmente o recebimento de pagamentos por serviços extraordinários (horas
extras) assim como vale refeição, isso tudo já faz parte do salário recebido
pelos servidores e esta no orçamento mensal de todas as famílias Brigadianas.
Somando tudo o que eu deixaria de
receber como vantagens e atribuindo valores, para situação de estar longe da
família e também gastos com deslocamentos, materiais didáticos, uniformes e
equipamentos necessários para o curso (que não são pagos pelo estado), eu
certamente não estava preparado financeiramente para enfrentar oito meses fora
de casa com viagens semanais e com um custo para mim de aproximado de 15 mil
reais para receber uma promoção. Lembrando também da dedicação exclusiva que o
curso solicita e com carga horária semanal de mais de 60h, não poderia concluir
durante dois semestres meu curso superior que está em andamento. A realidade
dos militares do Rio Grande do sul é de orçamentos apertados e situações
financeiras justas e quase sempre não podemos fazer intervenções radicais nos
gastos de nossas famílias, entre outras coisas também temos que analisar quando
essa ascensão na carreira vai nos retornar vantagens financeiras, porque é
nisso que pensamos na hora de um plano de carreira, evoluirmos
profissionalmente e financeiramente. Tenho trinta anos para servir como
funcionário público para minha aposentadoria, segundo o Estatuto dos Servidores
Militares do RS, sendo que me resta nove anos de efetivo serviço. Neste ponto foi
onde mais analisei na hora de recusar a convocação que recebi em 2009, pois em
qualquer investimento temos que pensar quando vamos receber retorno, e no meu
caso eu somente iria conseguir começar a receber de volta o investimento quatro
anos depois de aposentado e juntando mais nove que me faltam para reserva são treze
anos para começar a receber os lucros do investimento. Tomando como base e
exemplo um investimento que todos conhecem que é a poupança, nela ao investir
15mil reais por 13 anos teria um montante aproximado de R$ 50.000,00 e não
precisaria ficar oito meses me privando de várias coisas. Cursos de
aprimoramento da carreira deveriam ser melhores avaliados para deixarem de ser utilizados
como manobra dos recursos humanos para ganhos político e passarem a ser um
motivador profissional e incentivador da carreira Policial.
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